segunda-feira, 29 de maio de 2017

Disputa de guarda - Será que vale a pena?

Batalha judiciais no divórcio: será que vale a pena a luta?



Esses tempos atrás fiz uma audiência, na qual os pais estavam disputando alimentos e a guarda dos filhos. Sentamos na sala de audiência o que sê via eram duas pessoas destruídas uma em frente a outra, um juiz e um promotor indiferente e duas advogadas tentando a todo custo conseguir um acordo que não saiu... 

Quando cheguei em casa meu filho de 12 anos me olhou e perguntou mãe ganhaste o processo?

Então me perguntei de novo será que um batalhas pela guarda valem a pena?

Esta semana fui contratada por uma cliente para fazermos sua separação. Em sua primeira consulta sentamos para discutirmos um acordo de separação. Depois de discutir detalhes do caso, em particular a personalidade e o perfil financeiro do seu ex, sentei com ela para vermos a nossa estratégia.

"Expliquei para ela que ela poderia não ganhar a guarda de seu filho e a aconselhei a entregar a guarda para seu ex, ou então permitir a guarda compartilhada com residência com ele.

"Eu não posso!" Disse-me ofegante. - Não posso desistir da guarda do meu filho!

Apenas sorri com paciência.

"Você realmente acha que o juiz iria tirar minha guarda?" Ela então perguntou. "Se apenas mães drogadas, viciada em crack perderiam a guarda?"

Então ela me questionou sobre o que todos pesam no direito de família:

"Não vamos ao Tribunal na área de família para obter justiça. Vamos para buscar respostas. "

Ela ficou contrariada com meu questionamento. Então me perguntou com sinceridade, já que sou especialista em relações de de divórcio com alto conflito, sobre a real situação dela.

"Então disse que faria uma pergunta que faço à todos os meus clientes nessa situação: "Qual é o teu pior pesadelo que achas que poderias viver?"

"O que? O que isso significa?", me questionou ela.

Ela me deu o mesmo sorriso paciente que Sidney fez.

"Pensa no pior pesadelo com o qual você possa viver. Porque isso é o que te espera em um tribunal. Qual teu sentimento hoje concordando com teu ex ?"

Ela não gostou da resposta, nem mesmo das respostas recebidas por todos os advogados que ela havia consultado.

"Seu Ex tinha muito dinheiro e ele é o tipo de cara que não encerra uma luta. Se receber um lado ou uma sentença contrária ele não para ele vai até o fim estaríamos falando de um processo que poderia perdurar por anos. Então avaliamos as consequência de jogar a toalha. Agora."

Ela relutou por horas, pois agora que eu estava no ringue, não estava preparada para tirar minhas luvas.

Então chamei uma psicóloga forense que algumas vezes contrato para avaliarmos a situação da guarda. Então sentamos junta e chegamos no acordo que a proposta seria de guarda compartilhada, com residência na casa do pai, como havia sugerido, considerando as condições que ambos tinham.

Mas desta vez, mostramos através da constelação familiar as posições em que as partes se encontravam e por fim, percebemos que o movimento mais inteligente seria entregar ao Príncipe o que ele quer. 

"Você deve dar ao Príncipe tudo o que ele quer."

"Eu não posso!" disse-me aos prantos.

Descrevi para ela, novamente o que as batalhas de guarda fazem com as pessoas. Financeiramente, psicologicamente. E no caso particular dela, no final do dia, não tínhamos certeza do que iria conseguir.

- Não confio nele - disse ela. "Ele irá praticar alienação e ele é preguiçoso."

Depois de um tempo... sentamos e mostrei para ela a foto de seu filho e perguntei o que ela percebia até então. Luca estava sendo devastado no fogo cruzado entre seus pais. Então ela espontaneamente resolveu me permitir fazer a proposta ao seu Ex ele teria essencialmente a guarda do Luca e - devido à sua incapacidade de se sustentar por hora - também estaria liberada do pagamento de alimentos.

Sei que ela estava oficialmente vivendo o pior pesadelo que eu poderia imaginar.

Posteriormente, quando a vida segui em frente ela olhou na retrospectiva, que o conselho que tinha sido impossível de suportar era o melhor conselho que havia recebido. Percebeu que estava lutando uma batalha que não poderia ganhar, e ela encerrou a discórdia antes mesmo do sangue escorrer.

Ironicamente, após ter dado a guarda do seu filho ao Príncipe, ele mesmo o trouxe de volta. Não sei se podemos afirmar se foi carma. No momento que ela desistiu da briga, a equação mudou e o Príncipe percebeu que ele não poderia lidar com Luca sozinho, e Luca percebeu que não era tão ruim afinal ter duas casas e morar com a mãe, mesmo em um lugar mais simples.

E eu? Não sei honestamente quem "ganhou" ou "perdeu". O que aprendi é que devemos nos afastar dessa luta tóxica na qual muitas vezes ficamos trancados desde o início do casamento. Não aconselho muito as mãe abrirem mão da guarda mas nesse caso considerando a situação financeiramente foi libertador: O Príncipe perdeu sua fonte de poder e ela não teve que rastejar para se defender.

No final, ela reconstruiu seu relacionamento com seu filho que estava desgastado pela interferência do pai, hoje já é fácil para ela olhar para trás e dizer que a batalha não valia a pena. Há momentos em que os pais têm de lutar: principalmente quando houver algum tipo de abuso ou quando esse outro pai é sociopata.

Ausente estas circunstâncias, não tenho certeza de que qualquer litígio judicial valha a pena. As crianças serão sempre o vórtice de conflito e o mais poderoso geralmente é o vencedor, mas o custo é a saúde mental de todos.

Só depois de muito estudo e observação podemos chegar a essa conclusão. Então se você estiver em meio a uma batalha judicial pela guarda de seus filhos se pergunte:

Nessa luta, quem irá ganhar ?

por Martína Mädche, sou escritora do blog, sendo que este projeto busca inspirar e transformar as vidas de pessoas. Tenho familiaridade com as conversas internas que temos. Conheço pessoalmente o diálogo interno negativo que e se manifesta a vergonha em tudo: relacionamentos, comunicação, parentalidade, o caminhar da vida. Através de minhas experiências familiares e profissionais, procuro ajudar homens e mulheres a percorrerem o processo de libertar-se de suas lutas internas. Nesse blog encontrarão orientações, diversas práticas e treinamentos que visam dar apoio  em momentos de conflito e crise familiares. 

Caso precise entrar em contato: Martína Mädche
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