Conversando com uma mãe que está em processo de separação
recebi o seguinte relato: “quando olho no espelho vejo como abdiquei da
responsabilidade de cuidar de mim, no inicio achei que seria uma pausa breve
para cuidar dos filhos, casa, marido e trabalho, mas o tempo foi passando... Quando
me divorciei, tive que enfrentar uma série de coisas inclusive as responsabilidades
que eu deleguei.
Ela lembrou que logo no início do seu casamento ficou
grávida e optou por cuidar das crianças, acabou se ocupando da família e
deixando os outros como prioridade. O marido precisava estar bem vestido e
apresentável para o trabalho, o trabalho dele era prioridade, afinal sustentava
a casa, os filhos nem se fala. Esta dinâmica fez com que ela se dedicasse para
ver seu marido e filhos felizes ignorando, completamente, o que precisava. Naquela
época, decidiu que não seria uma prioridade.
Isto foi uma receita para o desastre. Quanto mais ela
trabalhava para ter certeza que o marido estava cuidado, pior se sentia. Começou
a ter ansiedade e ataques de pânico. No início, o marido ficava preocupado, mas
ao longo dos anos, ele foi se concentrando nele e se distancio da casa, o que
culminou em um divórcio. Então iniciou uma nova jornada de auto-descoberta -
uma jornada que começou com a mudança das crenças que já não funcionam mais...
Uma das primeiras crenças que ela mudou foi a de acreditar
na capacidade de se sustentar sozinha, pois embora tivesse conhecimento e
habilidades para cuidar de suas necessidades financeiras, não tinha a crença que
poderia fazer "apenas" por si.
A próxima crença que ela mudou foi a de que precisava ser
punida por ter se divorciado. Ela afirmou: "Vivi com a expectativa de que
Deus fosse me castigar, por isto não me divertia e essa crença fez com que eu
me punisse. Pensei que o propósito da minha vida era trabalhar duro e cuidar de
todos e de tudo, pois me sentia responsável - de novo, a não ser por mim.”
Outra crença que ela mudou foi a maneira de assumir a
responsabilidade por ela mesmo. Ela acreditava que deveria esperar e encontrar alguém
que cuidasse dela, porque ela cuidava de todos. Afirmou que isto foi muito
difícil e complicado, pois teve que mudar a forma de se relacionar com os
outros.
Haviam muitas outras crenças a serem enfrentadas, depois de
ter abdicado de cuidar de si. O método que usou para alterar essas crenças foi
o de torná-las conscientes e enfrentá-las uma a uma. Precisou olhar para si.
Buscou se redescobrir e mudar o que não estava funcionando. Além disto, se permitiu
acreditar que sabia o que precisava mudar, e que podia confiar em outras pessoas
para pedir ajuda quando fosse necessário. Essa é uma das coisas mais
responsáveis que qualquer um pode fazer.
Quais são as suas responsabilidades atuais? Muitas pessoas
têm muitas responsabilidades que elas acabam delegando. Tome algum tempo e verifique
suas responsabilidades atuais.
Quais são as responsabilidades que você delegou ou desistiu
de atender? Para cada uma das responsabilidades que você identificou, pergunte
qual o preço por delegar esta responsabilidade. Algumas responsabilidades têm
um preço elevado, por exemplo – a responsabilidade de ter certeza de que todos
ao meu redor estão bem cuidados. Outras responsabilidades têm pouco ou nenhum
preço. Então olhe para tudo o que você já abriu mão ou desistiu olhe as suas responsabilidades.
Não estando satisfeito com as suas responsabilidades, se
pergunte como estas podem ser ajustadas. Veja que a separação pode ser a
oportunidade de mudança de crenças. Ela pode ser o próximo passo positivo para
uma jornada de vida incrível!
Martína
Martína