Cada divórcio possui características únicas que tornam a experiência diferente para cada pessoa. Dito isso, descobrimos que há um punhado de erros que são comuns em um divórcio. Se você está pensando em se divorciar ou está no meio das negociações, isso pode servir como uma boa lista de avaliação para ajudá-los a evitar os erros mais comuns.
1. Insistir no status quo
Um dos principais objetivos do divórcio é determinar uma “divisão equitativa” dos bens conjugais, exigindo uma compreensão de sua situação atual e a avaliação de todos os seus bens. O regime geral do casamento no Brasil é do da comunhão parcial, então tudo que é constituído durante o casamento na hora da separação é divido ao meio. No mesmo sentido veio a ideia de Guarda Compartilhada onde ambos os pais devem ter as mesmas responsabilidades. Minha observação aqui é no sentido de nesse momento focar no presente, isso pode resultar na necessidade de inclusive avaliar possíveis eventos futuros em potencial. Eventos infelizes podem ocorrer a qualquer momento após o divórcio e podem incluir coisas como perda de emprego, invalidez, mudanças na saúde de seus filhos ou depreciação substancial de um ativo.
Já vi
complicações surgirem no pagamento da escola/faculdade quando um acordo de divisão
de bens ou fixação de alimentos depende muito da continuação do status
quo. Por exemplo, se os custos da faculdade forem divididos com base no
salário, o que acontecerá se você ou seu cônjuge ficarem desempregados? Imprevistos
podem colocá-los imediatamente em risco de uma grande despesa que não haviam
planejado.
Ao negociar seu
acordo, lembre-se de considerar o que pode mudar no futuro. Confirme se o
seu advogado está considerando essas mudanças potenciais e sugerindo maneiras
de protegê-lo dos riscos apresentados por circunstâncias
inesperadas. Muitas vezes, compartilhar o risco ou adicionar alguma cláusula
adicional no acordo, descrevendo como situações como essas devem ser tratadas,
pode reduzir a chance de você voltar ao tribunal ou ter que trabalhar com
advogados para revisar o acordo.
Outra situação
muito comum ocorre quando um dos pais do nada decide mudar para outra cidade e
o acordo de visitas que ora foi negociado naquele momento perde todo o sentido!
É possível colocar uma cláusula no acordo que aquele que decide mudar de cidade
abre mão de levar o filho, afinal a vida da criança estava até então sendo
construída naquele local!
2.
Expectativas de estilo de vida irrealistas
As decisões sobre quem deve ficar com a casa, ou se ela deve ser vendida, têm implicações muito reais, emocionais, práticas e muitas vezes financeiras significativas para ambas as partes. A moradia é apenas uma das muitas decisões de estilo de vida enfrentadas quando ocorre a separação e o divórcio. Infelizmente, muitos divorciados esperam viver o estilo de vida semelhante ao anterior ao divórcio. Ao fazer isso, eles podem estar ignorando as implicações financeiras ou compensações necessárias para arcar com as despesas do seu estilo de vida.
Outro desafio
comum são os pais que desejam manter o mesmo estilo de vida para seus
filhos. Compreensivelmente, você pode querer proporcionar a seus filhos as
férias anuais na praia, ou uma festa de aniversário bacana. Quando os pais
competem por meio de gastos, em vez de trabalharem a Coparentalidade, um ou
ambos podem acabar estourando seu orçamento de gastos. Infelizmente, esse
ciclo de gastos com culpa pode durar a vida toda.
Quando você se
sentir tentado a gastar para acompanhar sua vida anterior ao divórcio ou para
superar seu ex-cônjuge, pare e pergunte a si mesmo três perguntas simples:
- Como essa escolha atende
às necessidades da minha família agora e nos próximos cinco anos?
- Se eu fizer essa escolha renunciarei
a minhas outras metas financeiras?
- Como esse comportamento
pode afetar a opinião de meus filhos?
3.
Desligando-se dos detalhes
Lidar com os detalhes de um divórcio pode ser exaustivo, especialmente se for uma situação complicada. Processos judiciais demorados podem exigir que você exponha detalhes de sua vida. Ao mesmo tempo, você precisa reunir uma grande quantidade de dados para apoiar as negociações, e a necessidade de reunir e fornecer dados muitas vezes não termina quando o divórcio é finalizado.
Por exemplo, essa
situação é comum se você está dividindo os custos de seus filhos, como
consultas médicas e atividades extracurriculares. Mesmo quando um dos pais
é 100 por cento responsável por todos os custos, pode ser que o outro pai que
comparece à consulta médica ou transporte os filhos para suas atividades. Se
as interações entre ex-cônjuges são desconfortáveis, às vezes um dos pais
decide simplesmente cobrir os custos por conta própria, a fim de evitar
confrontos desagradáveis. Se isso continuar ao longo de muitos anos, o
gasto financeiro para custos que deveriam ter sido compartilhados pode ser
significativo. Há a necessidade de um equilíbrio de ambos. Se coloque no lugar
do outro tanto aquele que assume os gastos pode estar sobrecarregado assim como
também o outro que está renunciando a seu tempo para atender sozinho as
necessidades do filho. Buscar ter um olhar empático e diálogo é fundamental.
Minha orientação
é fazer um planejamento e manter um “Planner” após o divórcio, para tanto
indico o google planner uma ferramente gratuita que todos podem ter acesso. É
uma forma ajudar a rastrear gasto com a pensão alimentícia ou outros pagamentos,
registrar os dias e datas que os filhos ficam conosco, divisão de férias e deslocamentos
para atendimentos e atividades. Caso precise apresentar uma rotina para o juiz os
registros estão ao seu alcance:
- Configure todos os
pagamentos de suporte aos filhos em um plano de pagamento automático.
- Aceite apenas pagamentos
de apoio em uma forma documentada e rastreada (ou seja, não em dinheiro ou
serviços).
- Notifique seu empregador
se você deve qualquer pagamento de auxílio relacionado à dedução da folha
de pagamento.
- Estabeleça um sistema de
manutenção de registros para rastrear todos os custos compartilhados.
- Documente quaisquer
problemas que surjam com relação a pagamentos, como atrasos, pagamentos a
menor.
- Documente os dias que cada
um passa com quem, se houve atrasos nas buscas ou nos retornos.
- Quem iniciam as férias, quantos dias ficaram etc
4.
Casamentos imprudentes
Muitos novos
divorciados ficam surpresos ao saber que a taxa de divórcio nos segundos
casamentos é maior do que nos primeiros! Com situações financeiras e de
vida mais complicadas, não é de admirar que os casais que se casam pela segunda
vez possam ter problemas. Infelizmente, essa dinâmica pode ocorrer mais
tarde na vida, quando os parceiros estão ainda mais perto da aposentadoria e
têm menos tempo para se recuperar dos impactos financeiros negativos do divórcio.
Pode ser uma
surpresa que acordos pré-nupciais não sejam apenas para pessoas ricas, mas
podem ser benéficos para você e seu futuro cônjuge. Esses documentos
ajudam os casais a considerarem o que pode ou deve acontecer se o casamento
acabar. Os acordos pré-nupciais certamente tratam da divisão de ativos,
mas também podem articular regras sobre quanto tempo uma das partes poderia
permanecer na casa conjugal se fosse solicitada a sair, ou como as despesas com
cuidados de longo prazo seriam cobertas. Com as taxas de divórcio no
segundo casamento chegando a 60%, sugerimos que qualquer pessoa que esteja
pensando em se casar novamente consulte um advogado para discutir possíveis
acordos pré-nupciais.
5.
Falta de educação financeira
Uma das razões
pelas quais esses erros comuns ocorrem durante o divórcio é que muitas mulheres
e homens não têm até mesmo uma educação emocional e financeira. A
alfabetização emocional básica é normalmente aprendida por meio da experiência
(geralmente erros), e não em um ambiente educacional, como o ensino médio ou a
faculdade. Se você tentar obter educação emocional e financeira por meio
do grande número de recursos da Internet, o grande volume de dados pode
resultar em confusão sobre exatamente por onde começar.
Outro desafio é
que alguns a maioria dos conselhos assumem papéis tradicionais de
gênero. Muitas estratégias de aposentadoria por exemplo pressupõem que o
casal é casado e envelhece junto, o que pode tornar o conselho impróprio para uma
divorciada que envelhece sozinha. Os conselhos também podem ignorar os
desafios muito reais que as mulheres chefes de família enfrentam,
particularmente aqueles colocados pela diferença salarial.
Nossa sugestão
para neutralizar essas barreiras à educação emocional e financeira é começar
com uma tarefa importante - criar sua rede de atendimento emocional, aprender
sobre auto cuidado e aprender sobre balanço patrimonial pessoal. Essa
tarefa pode ser simples e os Profissionais do Idivorcie estão aqui para te
ajudar.
Aqueles que durante
a sua relação tomarem medidas preventivas enquanto ainda estão “felizes” no
casamento terão uma grande vantagem se algum dia se envolverem em negociações
de divórcio. Embora advogados, contadores e consultores sejam úteis para
lidar com os aspectos técnicos de seu divórcio, não há realmente nenhum
substituto para fazer provas do que está ocorrendo.
Ter um
conhecimento sólido de sua situação emocional e financeira atual e uma
perspectiva e metas razoáveis para o futuro é a melhor maneira de evitar
erros agora e estar preparado caso suas circunstâncias mudem.