Viver em um casamento infeliz traz mais danos aos seus filhos do que você imagina e percebe... sou um exemplo vivo...
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Não me lembro de muitos momentos em que meus
pais foram felizes.
Por obvio que existem lembranças de poucos
momentos em que estavam “mais felizes”. Algumas vezes eles riam e brincavam um
com o outro, e havia momentos em que eles eram nitidamente afetuosos um como o
outro. Havia alguns períodos de calmaria entre eles, sem grandes brigas,
humilhações ou discussões que caracterizavam minha infância e depois
adolescência.
Porém, o que percebi é que os momentos de
calmaria ficaram cada vez mais escassos e distantes.
Quando era criança, as discussões e brigas
ocorriam principalmente por detrás das portas. Lembro-me claramente de
muitos momentos em que meus pais gritavam cruelmente um para o outro e eu tinha
apenas, 7 anos. Na época disse à minha irmã que devíamos intervir e
impedir que eles brigassem. De mãos dadas, minha irmã e eu fomos
para a cozinha, onde meus pais estavam discutindo.
"Por favor, parem de gritar",
dissemos em uníssono perfeito, e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
Meu pai congelou, e vi um breve olhar de
vergonha em seus olhos, seguido de um silêncio constrangedor. Então nos
mandaram ir dormir, e ficou tudo em silêncio. Fiquei bastante satisfeita
comigo mesmo por ter enfrentado meu medo.
Infelizmente, não durou muito tempo. A
ansiedade tomava conta do meu peito toda vez que as brigas começavam e eu os
ouvia discutir atrás de portas fechadas, sentia a tensão crepitante no rescaldo
de suas batalhas. Lembro-me de tentar assistir os desenhos animados nas
manhãs de sábados na sala enquanto eles discutiam no fundo, tentando fingir que
não estávamos lá. Passei a desejar por "períodos de calmaria",
quando meus pais pareciam se entender a casa era pacífica.
Mas as brigas eram cada vez mais frequentes. Durante
um briga particularmente dramática, meus pais começaram a gritar um ao outro na
frente de parentes e amigos depois de um almoço em família. Estava sentada
no banco do passageiro, minha irmã no banco de trás, silenciosamente mortificada
enquanto nossos pais gritavam em plena visão os parentes. Logo após o
incidente, cheguei da escola e encontrei minha mãe sentada à beira da cama com
lágrimas.
"O que foi?" Perguntei tremendo.
"Seu pai e eu ... vamos nos separar",
disse ela calmamente.
Depois de anos ainda me lembro do meu coração
mergulhar nas profundezas com essas palavras, o sentimento de pavor e pânico
tomaram conta de mim. Na época, a palavra "divórcio" parecia
tão horrível e definitiva. Não sabia o que dizer, e simplesmente fiquei
ali impotente. Finalmente deixei o quarto, esperando que não fosse
verdade. Descobri que não era, e outro período de calma logo se seguiu.
As brigas frequentes voltaram ficando cada vez
pior, e logo me encontrei silenciosamente desejando que eles se separassem de
verdade, algo que a princípio me horrorizava. Mas depois te der desejado,
tornou-se uma espécie de fantasia retorcida enquanto imaginava uma casa livre
de tensão e brigas, sem ter que viver em um ambiente de tensão.
Comecei a imaginar como seria ter duas
famílias, uma com minha mãe, a outra com meu pai. Dois Natais, duas
Páscoas, dois aniversários.... E o mais importante, meus pais seriam felizes
novamente, olhando para um novo parceiro com amor em vez de raiva e
ressentimento.
Porém os anos foram passando e as brigas foram
aumentando e vivíamos com a promessa de que um dia tudo ficaria bem... mas esse
dia nunca veio. Comecei a invejar meus amigos cujos pais se
divorciaram. Amigos que
viveram com pais que estavam muito mais felizes do que quando estavam juntos.
Algumas vezes suspeitava que eles permaneciam juntos
por causa de mim e da minha irmã, o que no fundo me horrorizava. Como não podiam
ver o dano que eles estavam nos causando? Quão infelizes sua miséria mútua
atormentava a suas filhas? E eu aprendi anos depois que este era
realmente o caso ... eles estavam ficando juntos por nossa causa.
Fiquei aliviado quando sai de casa para estudar
em outra cidade pelo menos teríamos que viver os momentos tensos só nos fim de
semanas. Comecei a evitar cada vez mais visitar o lar, sentindo-me
terrível por estar abandonando meus pais. Temia até falar no telefone com eles,
pois cada um deles só reclamaria inevitavelmente sobre o outro, e eu sentia-me
sendo arrastada mais uma vez no seu redemoinho de miséria.
Como adulta procurei terapia, para compreender
todo aquele sofrimento. Foi só então que aprendi a extensão do dano que
seu casamento tumultuado causou no meu cérebro jovem e o efeito duradouro que moldou
minha identidade adulta. Depois de anos aprendi a perdoá-los e a abandonar
o trauma de crescer do meu jeito.
Sempre que ouço alguém que me diz permanecer em
um casamento ruim "por causa das crianças", meu coração dói por elas. Para
aqueles que estão lá, em um casamento ou relacionamento ruim, apenas para ficar juntos por causa das "crianças",
eu imploro, pelo amor aos seus filhos, tenha coragem de dar um jeito nessa
bagunça e se for o causo se divorciar.
As crianças são mais inteligentes e mais
intuitivas do que a maioria dos adultos percebem, e elas entendem o que está
havendo. Suas vidas miseráveis é compartilhada e causará mais dano do que você
pode imaginar. Eles repetirão os mesmos padrões que observam, ficando em
relacionamentos ruins ou casamentos falidos, porque é isso que eles observaram
quando cresceram.
A melhor e mais desinteressada coisa que você
pode fazer pelos seus filhos é mostrar-lhes a vida que você gostaria que eles batalhassem
o relacionamento que você gostaria que eles tivessem. Acredite, ao ficar em
um relacionamento infeliz, você está fazendo mais mal do que bem.
Graças a meses de terapia e introspecção,
reconheci os padrões destrutivos que peguei dos meus pais e faço o que posso para
reverter. A idéia de casamento costumava me aterrorizar, até encontrar um
homem incrível com quem queria compartilhar minha vida, e eu decidi que o ciclo
de relações miseráveis acabaria comigo. Usei meu conhecimento para fazer
meu próprio casamento funcionar, lamentavelmente meu casamento foi um fracasso
também, mas assim que percebi que meus filhos viveriam no mesmo quadro que eu propus
o divórcio. Inicialmente, entrei em pânico, mas hoje sei que fiz a escolha
certa.
Sei que me fiz uma promessa quando era criança
ainda que se um dia eu tivesse filhos e se eu e meu marido um dia deixássemos de
nos amar, se nos tornássemos infelizes um com o outro, se não houvesse mais
respeito, carinho ou amor, se nos movêssemos em direções diferentes, seja lá o
que for, por causa de nossos filhos, eu me divorciaria, por mais dolorido que
seja eu ainda acredito que, é o melhor para todos os envolvidos - especialmente
as crianças.
por Martína Mädche, sou escritora do blog, sendo que este projeto busca inspirar e transformar as vidas de pessoas. Tenho familiaridade com as conversas internas que temos. Conheço pessoalmente o diálogo interno negativo que e se manifesta a vergonha em tudo: relacionamentos, comunicação, parentalidade, o caminhar da vida. Através de minhas experiências familiares e profissionais, procuro ajudar homens e mulheres a percorrerem o processo de libertar-se de suas lutas internas. Nesse blog encontrarão orientações, diversas práticas e treinamentos que visam dar apoio em momentos de conflito e crise familiares.
Caso precise entrar em contato: Martína Mädche
Advogada e Profissional de Ajuda.
Contato: martina.madche@gmail.com
Grupo de Apoio do face: Separei e Agora?
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Comunidade: Divórcio para Eles
Comunidade: Divórcio para Elas
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