terça-feira, 4 de julho de 2017

Uma opinião polêmica: Pelo bem de seus filhos, divorcie-se!

Viver em um casamento infeliz traz mais danos aos seus filhos do que você imagina e percebe... sou um exemplo vivo...

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Não me lembro de muitos momentos em que meus pais foram felizes.

Por obvio que existem lembranças de poucos momentos em que estavam “mais felizes”. Algumas vezes eles riam e brincavam um com o outro, e havia momentos em que eles eram nitidamente afetuosos um como o outro. Havia alguns períodos de calmaria entre eles, sem grandes brigas, humilhações ou discussões que caracterizavam minha infância e depois adolescência.

Porém, o que percebi é que os momentos de calmaria ficaram cada vez mais escassos e distantes.

Quando era criança, as discussões e brigas ocorriam principalmente por detrás das portas. Lembro-me claramente de muitos momentos em que meus pais gritavam cruelmente um para o outro e eu tinha apenas, 7 anos. Na época disse à minha irmã que devíamos intervir e impedir que eles brigassem. De mãos dadas, minha irmã e eu fomos para a cozinha, onde meus pais estavam discutindo.
"Por favor, parem de gritar", dissemos em uníssono perfeito, e senti meus olhos se encherem de lágrimas.

Meu pai congelou, e vi um breve olhar de vergonha em seus olhos, seguido de um silêncio constrangedor. Então nos mandaram ir dormir, e ficou tudo em silêncio. Fiquei bastante satisfeita comigo mesmo por ter enfrentado meu medo.

Infelizmente, não durou muito tempo. A ansiedade tomava conta do meu peito toda vez que as brigas começavam e eu os ouvia discutir atrás de portas fechadas, sentia a tensão crepitante no rescaldo de suas batalhas. Lembro-me de tentar assistir os desenhos animados nas manhãs de sábados na sala enquanto eles discutiam no fundo, tentando fingir que não estávamos lá. Passei a desejar por "períodos de calmaria", quando meus pais pareciam se entender a casa era pacífica.

Mas as brigas eram cada vez mais frequentes. Durante um briga particularmente dramática, meus pais começaram a gritar um ao outro na frente de parentes e amigos depois de um almoço em família. Estava sentada no banco do passageiro, minha irmã no banco de trás, silenciosamente mortificada enquanto nossos pais gritavam em plena visão os parentes. Logo após o incidente, cheguei da escola e encontrei minha mãe sentada à beira da cama com lágrimas.

"O que foi?" Perguntei tremendo.

"Seu pai e eu ... vamos nos separar", disse ela calmamente.

Depois de anos ainda me lembro do meu coração mergulhar nas profundezas com essas palavras, o sentimento de pavor e pânico tomaram conta de mim.  Na época, a palavra "divórcio" parecia tão horrível e definitiva. Não sabia o que dizer, e simplesmente fiquei ali impotente.  Finalmente deixei o quarto, esperando que não fosse verdade. Descobri que não era, e outro período de calma logo se seguiu.

As brigas frequentes voltaram ficando cada vez pior, e logo me encontrei silenciosamente desejando que eles se separassem de verdade, algo que a princípio me horrorizava. Mas depois te der desejado, tornou-se uma espécie de fantasia retorcida enquanto imaginava uma casa livre de tensão e brigas, sem ter que viver em um ambiente de tensão.

Comecei a imaginar como seria ter duas famílias, uma com minha mãe, a outra com meu pai. Dois Natais, duas Páscoas, dois aniversários.... E o mais importante, meus pais seriam felizes novamente, olhando para um novo parceiro com amor em vez de raiva e ressentimento.

Porém os anos foram passando e as brigas foram aumentando e vivíamos com a promessa de que um dia tudo ficaria bem... mas esse dia nunca veio. Comecei a invejar meus amigos cujos pais se divorciaram. Amigos que viveram com pais que estavam muito mais felizes do que quando estavam juntos. 

Algumas vezes suspeitava que eles permaneciam juntos por causa de mim e da minha irmã, o que no fundo me horrorizava. Como não podiam ver o dano que eles estavam nos causando? Quão infelizes sua miséria mútua atormentava a suas filhas? E eu aprendi anos depois que este era realmente o caso ... eles estavam ficando juntos por nossa causa.

Fiquei aliviado quando sai de casa para estudar em outra cidade pelo menos teríamos que viver os momentos tensos só nos fim de semanas. Comecei a evitar cada vez mais visitar o lar, sentindo-me terrível por estar abandonando meus pais. Temia até falar no telefone com eles, pois cada um deles só reclamaria inevitavelmente sobre o outro, e eu sentia-me sendo arrastada mais uma vez no seu redemoinho de miséria.

Como adulta procurei terapia, para compreender todo aquele sofrimento. Foi só então que aprendi a extensão do dano que seu casamento tumultuado causou no meu cérebro jovem e o efeito duradouro que moldou minha identidade adulta. Depois de anos aprendi a perdoá-los e a abandonar o trauma de crescer do meu jeito.

Sempre que ouço alguém que me diz permanecer em um casamento ruim "por causa das crianças", meu coração dói por elas. Para aqueles que estão lá, em um casamento ou relacionamento ruim,  apenas para ficar juntos por causa das "crianças", eu imploro, pelo amor aos seus filhos, tenha coragem de dar um jeito nessa bagunça e se for o causo se divorciar.

As crianças são mais inteligentes e mais intuitivas do que a maioria dos adultos percebem, e elas entendem o que está havendo. Suas vidas miseráveis é compartilhada e causará mais dano do que você pode imaginar. Eles repetirão os mesmos padrões que observam, ficando em relacionamentos ruins ou casamentos falidos, porque é isso que eles observaram quando cresceram.

A melhor e mais desinteressada coisa que você pode fazer pelos seus filhos é mostrar-lhes a vida que você gostaria que eles batalhassem o relacionamento que você gostaria que eles tivessem. Acredite, ao ficar em um relacionamento infeliz, você está fazendo mais mal do que bem.

Graças a meses de terapia e introspecção, reconheci os padrões destrutivos que peguei dos meus pais e faço o que posso para reverter. A idéia de casamento costumava me aterrorizar, até encontrar um homem incrível com quem queria compartilhar minha vida, e eu decidi que o ciclo de relações miseráveis ​​acabaria comigo. Usei meu conhecimento para fazer meu próprio casamento funcionar, lamentavelmente meu casamento foi um fracasso também, mas assim que percebi que meus filhos viveriam no mesmo quadro que eu propus o divórcio. Inicialmente, entrei em pânico, mas hoje sei que fiz a escolha certa.


Sei que me fiz uma promessa quando era criança ainda que se um dia eu tivesse filhos e se eu e meu marido um dia deixássemos de nos amar, se nos tornássemos infelizes um com o outro, se não houvesse mais respeito, carinho ou amor, se nos movêssemos em direções diferentes, seja lá o que for, por causa de nossos filhos, eu me divorciaria, por mais dolorido que seja eu ainda acredito que, é o melhor para todos os envolvidos - especialmente as crianças.

por Martína Mädche, sou escritora do blog, sendo que este projeto busca inspirar e transformar as vidas de pessoas. Tenho familiaridade com as conversas internas que temos. Conheço pessoalmente o diálogo interno negativo que e se manifesta a vergonha em tudo: relacionamentos, comunicação, parentalidade, o caminhar da vida. Através de minhas experiências familiares e profissionais, procuro ajudar homens e mulheres a percorrerem o processo de libertar-se de suas lutas internas. Nesse blog encontrarão orientações, diversas práticas e treinamentos que visam dar apoio  em momentos de conflito e crise familiares. 

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