sexta-feira, 10 de março de 2017

Traição! - Reflexões Desconfortantes!

TRAIÇÃO! 



Traição é um assunto muito delicado e a maioria tem idéias preconcebidas a esse respeito. Fato é que falamos muito em traição no nosso dia a dia. Porém devemos refletir um pouco sobre a palavra traição e no seu contexto!

Mas o que significa trair?
Traímos alguém quando fazemos algo atrás das costas de alguém com a intenção de prejudicar essa pessoa!

Mas e nos relacionamentos? Será que é de fato essa a intenção, fazer algo para prejudicar ?

Sim, existem pessoas que traem e trapaceiam apenas para fazer o outro sofrer! Mas será que isso de fato é comum? Talvez isso aconteça em 5% dos casos... Porque na maioria das vezes a traição não tem nada a ver com o parceiro que será enganado – o que é na verdade difícil de digerir! Então vamos refletir um pouco sobre isso!

Quando reclamo que meu namorado me traiu! Estou dizendo que algo aconteceu comigo, o foco da ação está em mim! Estamos falando algo sobre mim! Que o que ele e sua amante estão fazendo é para me machucar....

Isso me coloca tanto no papel da vítima, sou o personagem principal dos acontecimentos. Entretanto, na maioria das vezes, não é isso que ocorre. É bem provável que eles estejam apenas se divertindo, e sequer estão pensando em mim. Eu não sou a estrela.

Esta é a primeira verdade desconfortante e doída: O que está acontecendo entre meu parceiro e sua amante só tem a ver com os dois. Não é sobre mim.

Meu parceiro e sua amante gostam um do outro. Eles querem se relacionar intimamente. Eles o fariam mesmo se eu não existisse. E eles querem fazer isso mesmo que eu exista.

Ai, isso dói. Meu ego não gosta disso nem um pouco.

Agora, ainda há uma brecha estreita através da qual meu orgulho ferido pode escapar: posso alegar que meu namorado deveria ter me contado primeiro. Que ele não está sendo honesto comigo. Que ao me trair, ele quebrou um acordo de exclusividade sexual. Que tínhamos concordado em ser monogâmico.

Então o conflito todo é sobre a quebra de um acordo de exclusividade sexual entre vocês. Entretanto, na maioria das vezes, não prestamos muita atenção a esse acordo, não nos dedicamos a ele e o nosso papel nele. Só falamos sobre as pessoas envolvidas.

Mas e se o problema fosse com o próprio acordo? E se o acordo, e não o nosso parceiro precisava de uma revisão?

A grande maioria dos acordos de exclusividade sexual enquadra-se numa destas duas categorias (ou ambas):

Acordo implícito. Isso significa que os dois parceiros nunca falaram sobre o acordo. (Talvez eles apenas ficaram junto uma vez, e esperam exclusividade sexual a partir disso.)

Acordo eterno e inflexível. Os dois parceiros concordaram explicitamente com a exclusividade sexual, portanto fizeram um voto eterno. (Como acontece na maioria dos casamentos, por exemplo.)

Vamos recapitular: a promessa de exclusividade sexual é implícita, não dita, ou eterna, ou ambos.

Mas cada vez que seres humanos estabelecem pactos implícitos ou inflexíveis, estamos nos preparando para decepção e/ou drama.

Por quê?

Primeiro! Os acordos quando não são expressos estão sujeitos à interpretação, e ninguém se sente realmente obrigado a respeitá-los; e os acordos eternos podem parar de refletir as necessidades e desejos das pessoas envolvidas, porque as pessoas mudam.

Em algumas culturas, a esposa é obrigada a estar sexualmente disponível para o marido, o tempo todo. Esse é um acordo terrivelmente inflexível, e felizmente, está desaparecendo lentamente de nossas vidas. Quando fazemos um pacto de exclusividade no fundo temos o seguinte acordo só teremos relações íntimas entre nós dois para o resto de nossas vidas. Então estou depositando toda a minha intimidade e desejo as condições dessa parceria! Será que não no fundo o que vivemos é o que gostaríamos de exigir? Então eu exijo que sejas meu para o resto da tua vida!

Em um acordo é exigido que alguém faça amor conosco, mesmo que não queira. No outro caso, exigimos que alguém não faça amor com os outros, mesmo que eles queiram. De qualquer maneira, estamos tentando impor o comportamento sexual aos outros.

É por isso que a maioria dos acordos é uma "fraude" porque os parceiros secretamente sentem que não estão fazendo nada de errado.

Então, enquanto um parceiro se sente traído e magoado, o outro parceiro sente-se culpado e secretamente autorizado a fazer o que ele ou ela está fazendo. Uma situação dolorosa que pode dar origem a inúmeros argumentos. Fato é que ninguém realmente ganha nessa situação.

Assim…

Eis a segunda verdade desagradável:

Traição é um sinal de que um acordo precisa ser renegociado.

Claro, que a coisa certa a se fazer seria renegociar o acordo de exclusividade antes mesmo de considerar quebrá-lo. Mas na maioria das relações, não há um espaço seguro para falar sobre as necessidades sexuais e emocionais dos amantes. Renegociar acordos pode ter se tornado algo obsoleto.

Se esse espaço foi fornecido e existe, e se ambos os parceiros soubessem que tem segurança para falar sobre qualquer acordo com amor e compreensão, um monte de dor desnecessária seria evitado.

O problema é que é assustador oferecer aos nossos parceiros a possibilidade de mudar as regras do jogo quando ele ou ela precisa. Isso desafia nosso senso de segurança.

Então, aqui está um conselho prático: em um relacionamento, sempre forneça um espaço seguro para o outro parceiro renegociar as regras do jogo. A relação só se beneficiará disso. Traição não acontece quando todos os envolvidos se sentem seguros para falar sobre suas necessidades, seus sentimentos.

Ninguém pode negar que traição causa dor a todos os envolvidos (incluindo o "traidor" ). Entretanto, grande parte dessa dor vem da nossa incapacidade de estabelecer acordos claros e flexíveis com nossos parceiros.

Resumindo reconsidere o foco no uso da palavra "traição". Em vez disso, pense em um acordo que precisa de alguma atenção. Isso pode mudar completamente sua percepção e abrir as portas para uma vida amorosa mais harmoniosa.

Adaptação do texto de Raffaello Manacorda

por Martína Mädche, advogada
OAB/RS 60.281


Martína Mädche, sou fundadora do blog, sendo que este projeto busca inspirar e transformar as vidas de pessoas. Tenho familiaridade com as conversas internas que temos. Conheço pessoalmente o diálogo interno negativo que e se manifesta a vergonha em tudo: relacionamentos, comunicação, parentalidade, o caminhar da vida. Através de minhas experiências familiares e profissionais, procuro ajudar homens e mulheres a percorrerem o processo de libertar-se de suas lutas internas. Nesse blog encontrarão orientações, diversas práticas e treinamentos que visam dar apoio  em momentos de conflito e crise familiares. 


Caso precise entrar em contato: Martína Mädche
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