sexta-feira, 3 de março de 2017

Se eu ficar sozinha para sempre?


"Aprender a estar sozinho, e desfrutar da sua cia, é o dom mais poderoso que podemos dar a nós mesmos." ~ S. Aitchison


Apesar do sorriso radiante no meu rosto, dentro de mim havia uma voz que sussurrava - e se eu ficar sozinha para sempre?

É uma voz com a qual luto faz anos. É uma voz que me manteve em um relacionamento infeliz e insalubre muito mais do que deveria, porque tinha medo de ficar sozinha.

Passei muitas noites escuras conversando com esse medo subconsciente, porque acreditei que qualquer tipo de amor era melhor do que não ter nenhum.

Somente nós sabemos até aonde nossos medos nos levam e - somente nós sabemos quando é hora de enfrentá-los, ou não.

Em algum momento, entre os dias que passei de joelhos chorando e aqueles em que meu rosto se aqueceu no brilho do sol, fiz a escolha de encara-lo - não porque pudesse ver onde iria acabar, mas porque permanecer onde estava era impossível.

Não importava mais se ficasse sozinha, contanto que estivesse feliz.

Quando saí do meu relacionamento, nem sabia o que me faria feliz -, mas dei pequenos passos na direção do que me fazia sorrir. Tropecei às vezes e enfrentei situações das quais deveria ter ficado muito longe, porque ainda precisava de atenção para me sentir digna.

Ainda precisava de alguém para me fazer sorrir.

Na verdade mesmo estando descontente meu desejo era ter alguém deitado comigo na cama todas as noites.

Não queria atenção artificial, drama ou sexo - queria amor.

Entretanto, enquanto não despertei o amor por mim mesma, o amor permaneceu fora do meu alcance - e parecia que quanto mais eu procurava, mais ele se afastava.

E a voz continuou sussurrando - e se eu ficar sozinha para sempre?

Então algo surpreendente e sublimemente bonito aconteceu - desta vez, eu respondi a voz e disse: "E se eu estiver sozinha para sempre?" E dai?

E se não encontrar alguém que me queira?
Então, e se eu for muito pouco ou demais?
E se o amor romântico não é para mim?

Percebi que o tempo todo em que me perguntava se estaria para sempre sozinha, era porque na época me sentia sozinha.

Não importa quantos amigos tivesse, ou quantos pretendentes tinham nada me preenchia.

Me sentia sozinha - e assim, cumpria minha sentença de solidão.
Mas dessa vez, em vez de me perguntar e se - comecei a perguntar sobre as consequências...

Então um dia, voltei para casa e abri meus olhos para o amor cegante que vibra no meu coração radiante.

Meu tempo de cometer erros para descobrir o que me fazia feliz neste carrossel da vida estava em outra perspectiva agora.

As longas noites solitárias deram lugar a - deliciosos banhos, leituras apaixonantes, yoga e meditação, viagens sozinhas e jantares fora, - não estava apaixonada, mas estava descobrindo minha nova vida.

Pela primeira vez na vida, não só sabia quem era - sabia o que queria.

Sabia o quanto valia, e sabia que tipo de relacionamento que queria ter.

Foi então que minha vida parou de ser sobre encontrar alguém para estar com, e em vez disso, era sobre se tornar alguém que quero ser.

Nem sempre foi fácil. E, claro, às vezes, anseio por um companheiro - assim como todos nós fazemos.

Mas minha vida não está preparada para entrevistar possíveis candidatos para possíveis amores, nem perco meu tempo com a busca pelo homem que será meu amor.

Sou a mulher que quero ser o tempo todo, e realmente acredito agora que nada foi feito para dar trabalho ou me desgastar.

Se tivesse entrado em um relacionamento antes deste momento, nunca teria sabido se era porque realmente o respeitava e amava, ou se era só porque simplesmente tinha medo de ficar sozinha.

Hoje consigo ver a diferença, hoje me relaciono sem nenhum esforço sem desgastes sem negação ou medo.

Aprendi a diferença entre ser desejada e ser amada.

Também cheguei ao ponto em que não me questiono mais o: "Por que ele me amaria?" Agora estou muito ocupada pensando:

"Como ele poderia não me amar?" E este é o dom do amor-próprio.

Minha jornada foi longa, tive que bater a cabeça diversas vezes, mas o tempo gasto em noites de conversação com meu medo de estar pra sempre sozinha terminaram - porque hoje sei que não vou.

Sei que tenho um amor destinado - que estou destinada a ser o amor de alguém.

Acredito que o amor já esteja a caminho, mesmo que não consiga vê-lo claramente através da névoa.

Confio nesta jornada da vida, e sei que nesses momentos difíceis e incômodos, há também muitas oportunidade de realmente aprender mais.

Quando finalmente nos apaixonamos por nós mesmos, não dependemos mais daquele amor romântico que aquela pessoa específica no traz, mas sim de sermos em conjunto o amor com todas as facetas de nossas próprias vidas.

Hoje devoto amor para todos aqueles que estão na minha vida - mesmo simplesmente para aqueles que atravessam o meu caminho - porque agora sei que amar da maneira que faço é o meu super poder.

Hoje sei que não só sou digna de um amor, mas que o mereço também. Então não, eu não sei quando isso vai acontecer, mas tenho a confiança de que vai.

Porque simplesmente cheguei ao ponto em que tudo que toco se transforma em amor - e é apenas uma questão de tempo até que eu toque o coração de um homem que esteja também pronto para mim.

E até lá, não estarei sozinha - porque tenho a mim mesma, e sei que aprendi que o amor-próprio é o aspecto mais importante para poder amar o próximo.
por Martína Mädche, advogada
OAB/RS 60.281


Martína Mädche, sou fundadora do blog, sendo que este projeto busca inspirar e transformar as vidas de pessoas. Tenho familiaridade com as conversas internas que temos. Conheço pessoalmente o diálogo interno negativo que e se manifesta a vergonha em tudo: relacionamentos, comunicação, parentalidade, o caminhar da vida. Através de minhas experiências familiares e profissionais, procuro ajudar homens e mulheres a percorrerem o processo de libertar-se de suas lutas internas. Nesse blog encontrarão orientações, diversas práticas e treinamentos que visam dar apoio  em momentos de conflito e crise familiares. 


Caso precise entrar em contato: Martína Mädche
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